Amo demais...

Amo demais...
Isso é uma fraqueza...

28.7.10

Cataclisma do Tempo...




O tempo que voa para mim não é o mesmo que corre pra você.
Às vezes, as horas se vão e eu nem percebo;
Outras, prego os olhos no relógio e este parece hipnotizado...
Encho a cabeça de afazeres para fazê-lo passar mais rápido e poder voltar...
Mas como voltar se eu corro?
Correr para trás, traz mau agouro, já dizia a minha bisavó!
Será que por isso que às vezes tudo desanda?
Corro todos os dias!
Corro, mas sempre que posso, volto.
Volto para onde nunca quis sair...
Para onde tenho as minhas raízes...
Onde plantei amores...
Se ao chegar, eles estiverem secos... Plantarei de novo!
Plantarei novos, talvez.
Porque amo aquele cheiro de terra molhada quando se inicia a chuva...
A brisa do vento batendo em meu rosto em dia quente...
O contraste entre o céu azul e as árvores...
O sorriso das crianças brincando na praça...
O canto dos pássaros...
O gosto do sorvete de Flocos...
Do lugar de onde eu nunca deveria ter saído...
...
Mas eu precisava correr...
Porque o tempo já corria pra mim, sem que eu percebesse...
O que me conforta hoje é o fato de poder voltar...
Voltar não significa retroceder, significa reviver...
Reviver, é viver de novo...
E eu viverei... novamente...
Correndo e revivendo...
Com o tempo passando...
A idade chegando...
Mas sempre voltando...
Porque como eu disse:
“Voltar, nem sempre é retroceder...”

17.7.10

O toque das mãos...


Tudo se começa com o toque das mãos...
Mesmo quando os olhos se encontram, é com o toque das mãos que sentimos...
Desde o mais antigo diálogo de amor, entre Romeu e Julieta, descobrimos que o toque das mãos unidas é o beijo dos santos... o mais santo de todos... as palmas unidas...
Como dizia Julieta: “... os santos têm mãos que se deixam tocar pelas mãos dos peregrinos, e o beijo do Romeiro dá-se palma com palma...”
Esse é o primeiro beijo dos amantes...
E quando os lábios se permitem imitar as mãos, uma explosão, sem significado é sentida...
Mas se é sentida? Por que não é explicada?
Alguém me falou que a sensação é de “Borboletas no Estômago”!!!
Mas como isso? Borboletas no estômago?
Borboletas não sobrevivem no estômago...
Pensava assim até o momento do beijo do Romeiro...
Quando senti...
Euforia... Prazer... Ansiedade... Satisfação... Alegria... Energia...
Uma real sensação de asas batendo por dentro...
De borboletas indo e vindo... Incansavelmente...
Será que Julieta sentiu as borboletas?
Talvez...
Só sei que as suas borboletas, se a sentiu, não viveram por muito tempo...
Doce Julieta, a primeira a descobrir o beijo mais santo de todos...
... e pobre de mim por querer manter as borboletas vivas...

14.7.10

C A T I V A R - Trecho de "O Pequeno Príncipe" - de Saint-Exupéry


—Bom dia, disse ele.
—Bom dia, disseram as rosas.
— Quem sois ? perguntou o príncipe
— Somos rosas.
— Ah! exclamou o principezinho...
E ele sentiu-se extremamente infeliz. Sua flor lhe havia contado que ela era a única de sua espécie em todo o universo.
E eis que haviam cinco mil, igualzinhas, num só jardim!
Depois refletiu ainda:
"Eu me julgava rico de uma flor sem igual, e é apenas uma rosa comum que eu possuo...
Isso não faz de mim um príncipe muito grande...
" E, deitado na relva ele chorou.
Foi então que apareceu a raposa:
—Bom dia, disse a raposa.
— Bom dia, respondeu polidamente o principezinho.
— Quem és tu? Tu és bem bonita...
— Sou uma raposa, disse a raposa.
— Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste.
— Eu não posso brincar contigo, disse ela. Não me cativaram ainda
—Que quer dizer "cativar" ?
— É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços..."
— Criar laços ?
—Tu és ainda para mim um garoto igual a cem mil outros garotos.
E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim.
Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas se
tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim ÚNICO no mundo. E eu serei para ti única no mundo...
E a raposa continuou:
— Minha vida é monótona. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros.
Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra.
O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música.
E depois, olha!
Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil.
Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste!
Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado.
O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti.
E eu amarei o barulho do vento no trigo...
— Por favor... cativa-me! - disse a raposa.
— Bem quisera, disse o principezinho. Mas tenho pouco tempo
e amigos a descobrir e coisas a conhecer.
— A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa.
Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma.
Compram tudo pronto na lojas.
Mas como não existem lojas de amigos, eles não têm mais amigos.
Se tu queres um amigo, cativa-me !
— Que é preciso fazer ?
— É preciso ser paciente. Sentarás primeiro longe. Eu te olharei e tu não dirás nada.
A linguagem é fonte de mal-entendidos.
Mas cada dia sentarás mais perto... E virás sempre na mesma hora.
Se tu vens às 4, desde às 3 eu começarei a ser feliz.
Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz.
Às 4 horas, então, eu estarei inquieta e agitada:
descobrirei o preço da felicidade.
Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração...
Assim, o principezinho cativou a raposa.
Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
— Ah! Eu vou chorar.
— A culpa é tua, disse o principezinho. Eu não queria te fazer mal, mas tu quiseste que eu te cativasse...
— Quis.
— Mas tu vais chorar !
— Vou.
—Então não sais lucrando nada!
—Eu lucro, por causa da cor do trigo.
—Vais rever as rosas e volta. Tu compreenderás que a tua é ÚNICA no mundo.
E ele disse às rosas:
— Vós não sois iguais à minha rosa, vós não sois nada.
— Ninguém vos cativou e nem cativastes ninguém.
—Sois como era a minha raposa, mas eu fiz dela um amigo.
—Agora ela é ÚNICA no mundo.
—Sois belas, mas vazias... A minha rosa sozinha é mais importante que vós todas.
—Foi dela que eu cuidei, ela é a minha rosa!
—Adeus, disse ele.
— Adeus, disse a raposa.
—Eis o meu segredo: Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos. Foi o tempo que perdeste com tua rosa que a fez tão importante.
Os homens esqueceram essa verdade, mas tu não a deves esquecer.
Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.
TU ÉS RESPONSÁVEL PELA ROSA...
— Sou responsável pela minha rosa...repetiu ele a fim de se lembrar...
"Tú te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas..."